Senhoras e senhores, meninas e meninos, apresento-vos a novíssima rubrica do The Love Food: NEGÓCIOS VERDES!

 

Esta rubrica consiste numa entrevista padrão às pessoas especiais que estão por detrás de negócios especiais, não só para vos dar a conhecer o que de bom se faz por aí mas também para vos inspirar a criar o vosso próprio negócio verde. E já sabem, é a economia que manda nisto tudo, por isso façam as escolhas certas quando compram qualquer coisa! A melhor maneira de consumir bem e de apoiar quem tem a belíssima iniciativa de criar um negócio verde, ecológico, biológico, sustentável, não testado em animais, sem ingredientes animais, etc etc etc, é mesmo COMPRAR. Não é só melhor para si. As vantagens repercutem-se no planeta inteiro e em todos os seus habitantes.
Obviamente que esta rubrica só poderia começar com uma das minhas (ou mesmo A minha) empresa preferida: a PRONATURAL. Já conheciam a carinha laroca por detrás da Pronatural? Apresento-vos a Cláudia Monteiro! E aqui vai tudo o que sempre quiseram saber sobre a Pronatural e nunca tiveram a coragem de perguntar!
– O que é a Pronatural?
A Pronatural representa e distribui em Portugal produtos vegan, biológicos e não testados em animais. Todos os nossos produtos são certificados e a Pronatural é certificada como Humane Retailerpela Cruelty-Free International.
Hoje é possível encontrar na Pronatural cosméticos, detergentes para a casa, chocolates crus, barritas cruas e superalimentos biológicos, vegan e não testados em animais. E esperamos em breve alargar ainda mais o leque de produtos. Todos os nossos produtos podem ser adquiridos diretamente na nossa loja online www.pronatural.com.pt e em lojas por todo o país.
– Quando criaste a Pronatural e porquê?
A Pronatural nasceu em 2011 na sequência de uma procura pessoal por cosméticos e produtos de higiene pessoal e doméstica não testados em animais e mais amigos do ambiente.
Sou vegetariana há 13 anos, o que naturalmente evoluiu para vegan. E cada vez mais me fui apercebendo que, infelizmente, não é só na indústria alimentar e do vestuário que os animais sofrem horrores.
Milhões de animais (cães, gatos, macacos, coelhos, ratos…) são submetidos a testes e experiências cruéis e desumanos apenas para se obterem novos cosméticos e produtos de limpeza. Uma situação desnecessária, pois existem inúmeras alternativas (modelos computacionais, culturas de células e tecidos, etc.) e, felizmente, cada vez mais produtos que optam por ser “livres de crueldade”.
Como não queria de forma nenhuma contribuir para esta tortura comecei a procurar produtos não testados em animais, champô, pasta de dentes, creme, detergentes… enfim, tudo o que viesse num boião ou embalagem. E quanto mais procurava, investigava, enviava emails às marcas, mais me apercebia que a grande maioria são testadas em animais, mesmo as que por vezes dizem que não são. Encontrei algumas coisas, mas como achei que ainda havia pouca coisa no mercado português com provas dadas de que não tinha sido testado em animais e muitas dúvidas dos consumidores, que por vezes compram um produto a julgar que não é testado em animais quando a verdade é outra, resolvi começar a Pronatural, com o objetivo de fornecer mais informação e opções de escolha para os consumidores. E desta forma tentar alertar e contribuir para a redução da venda de produtos testados em animais.
Mas queria que os produtos fossem o melhor possível, para o ambiente, para os animais e para as pessoas. Por isso as nossas marcas cosméticas e de detergentes além de não serem testadas em animais (são certificadas pela Cruelty Free International (CFI) – www.gocrueltyfree.com), também não contêm ingredientes de origem animal e têm certificação biológica. Ainda é difícil encontrar produtos que tenham estas certificações todas, mas, felizmente, existem cada vez mais.
E depois fomo-nos apercebendo que há também produtos deliciosos a nível de alimentação que ainda não se encontravam em Portugal e fomos diversificando a gama de produtos. Os nossos produtos de alimentação são neste momento todos biológicos, vegan, raw e sem glúten.


– Como podemos então saber se o produto foi ou não testado em animais?
A grande maioria dos produtos que encontramos nas prateleiras de supermercados (cremes, champôs, produtos de limpeza para a casa, etc.) ou foram testados em animais ou contém ingredientes que foram testados em animais.
Além disso, cientes que muitos consumidores procuram cada vez mais produtos não testados em animais, algumas marcas colocam nas suas embalagens que o produto “não foi testado em animais”. O produto final até pode não ter sido testado em animais, mas isso não significa que os seus ingredientes não tenham sido testados em animais. Da mesma forma há empresas que dizem que não testam em animais, mas contratam outras empresas para fazerem os testes, ou, mesmo que não os comissionem, os seus fornecedores podem fazer os testes.
Após muita pesquisa, emails, pedidos de informação… a certificação da CFI (o logótipo Leaping Bunny) foi a que considerei como oferecendo as melhores garantias de que o produto é livre de testes em animais.
O logótipo Leaping Bunny garante que o produto obedece aos rigorosos critérios da Humane Cosmetics Standard (HCS) e da Humane Household Products Standard (HHPS), que foram estabelecidos precisamente para dar aos consumidores uma garantia de que os produtos são “livres de crueldade”. O HCS e o HHPS foram criados nos anos 1990 por organizações internacionais de proteção dos animais.
O que distingue a Leaping Bunny de outras listas com marcas não testadas em animais é também o facto de que para  uma empresa figurar nessas listas, regra geral, tem apenas de assinar uma declaração sobre os testes em animais, já a Leaping Bunny implica auditorias às empresas e suas cadeias de abastecimento para garantir que aderem à sua política contra os testes em animais e aos critérios HCS e o HHPS.
A certificação Leaping Bunny garante que o produto não foi testado em animais em nenhuma fase do seu desenvolvimento nem é vendido na China, mas não significa que o produto seja vegan ou biológico. Tal como uma certificação biológica, ou mesmo vegan, não garante que não houve testes em animais. Por exemplo, um produto certificado biológico que seja vendido na China foi quase de certeza testado em animais, porque a China infelizmente ainda exige que para serem comercializados no mercado chinês os produtos cosméticos tenham primeiro de ser testados em animais, uma realidade que espero que mude em breve.
Por tudo isto é que queremos que os nossos produtos tenham várias certificações, como forma de assegurarem a sua qualidade e veracidade do que defendem.
– E como começou a Pronatural?
Começou com muita pesquisa para perceber o que cada entidade certificadora defende, as manobras de marketing enganadoras para os consumidores por parte das marcas (sobretudo das principais que dominam o mercado), as omissões nas legislações… Depois a pesquisa continuou, para encontrar marcas e produtos que fossem ao encontro do que queria (bio, não testado em animais, vegan, com políticas mais sustentáveis, etc). Por vezes encontrava marcas super interessantes, mas depois não tinham a certificação Leaping Bunny ou não eram biológicas… e a busca continuava.
Depois contactar as marcas, analisar as condições e se era possível trabalhar com essas marcas… Em seguida constituir a empresa, fazer o site/loja online e começar a disponibilizar os produtos, informação sobre os mesmos, divulgar… Começou devagarinho e felizmente tem vindo a crescer, temos mais marcas, mais diversidade, mais pontos de venda, mas sempre produtos não testados em animais, bio e vegan. E procuramos sempre dar ao consumidor o máximo de informação sobre os nossos produtos, para que possa fazer as suas escolhas de forma informada.


– Quanto tempo dedicas à Pronatural por dia?
Todo o que consigo 🙂 Às vezes começo às 7:00 e dura até às 24:00, outros dias é mais calmo e aos fins de semana também dedico algumas horas à Pronatural. Mas não é nenhum sacrifício, porque é algo de que gosto e que espero sinceramente que contribua para ajudar a melhor informar muitos consumidores e para um consumo mais ético, consciente e sustentável. Ah, e claro que não é direto das 7:00 às 24:00 🙂 Há as atividades normais do dia a dia, o ginásio, os gatos e outras funções e responsabilidades.
– Quanto tem crescido ao ano?
Sobretudo este ano tem crescido mais, também porque começamos a ter mais produtos. Cerca de 15%.
– Qual a tua estratégia para fazer crescer a Pronatural?
Esperamos ter mais produtos disponíveis em breve e também novos pontos de venda no país. Criar uma marca própria também está em estudo, embora tenha outras implicações. Queremos crescer devagarinho e de forma sustentável.
– Tens um produto best-seller?
Tende a variar. De momento são as barritas de proteína e coco da Raw Bite, as de cacau, coco/chia e cânhamo/chia da Roo’Bar, as amoras brancas, bagas goji e passas com chocolate cru e os chocolates crus. Mas os superalimentos como o cacau, as amoras brancas e a proteína e sementes de cânhamo também saem sempre bem. Depois nos detergentes destacam-se o detergente cítrico para a loiça e o de lavanda para a roupa. E o sérum rosa mosqueta para o rosto.


– Quais são as maiores dificuldades?
Acredito que há cada vez mais pessoas preocupadas com questões éticas e sustentáveis e, por isso, com mais atenção e interesse sobre aquilo que consomem. Mas ainda há alguma desinformação e até manobras de marketing enganadoras para os consumidores. Nem sempre é fácil, mas se a motivação e procura por algo melhor e mais justo existe em cada vez mais consumidores e existem inúmeras ferramentas disponíveis, certificações que ajudam a distinguir os produtos, acesso a informação e mais produtos que refletem estas preocupações, acredito que serão cada vez mais os consumidores que fazem as suas escolhas de forma informada.
Acho que a maior dificuldade passa por fazer chegar a informação aos consumidores para que saibam realmente o que estão a consumir e o que isso implica. É certo que muitos consumidores infelizmente ainda não se importam com essas questões, mas apenas com o preço final do produto (uns porque não têm escolha, outros porque não querem saber). A questão é que esse preço final também deveria comportar os custos éticos e ambientais que não lhe estão a ser imputados. Mas depois há muitos consumidores que até pensam que os produtos que consomem são bons, éticos, não testados em animais, mas depois a realidade é outra. Se conseguirmos contribuir um bocadinho que seja para esclarecer algumas dúvidas, levar mais pessoas a procurar mais informação e a disponibilizar e tornar acessível cada vez mais produtos vegan, biológicos e não testados em animais acho que já é uma grande vitória.
Também notamos que a maior parte dos nossos clientes sabe onde e como procurar um produto vegan ou biológico. Muitas vezes a maior dificuldade é mesmo a nível de se é ou não testado em animais.
– E as alegrias/recompensas?
As dificuldades são uma fatia ínfima comparadas com as alegrias. O contacto com os clientes, quando nos dizem que adoram os produtos, quando descobrem este tipo de produtos, se interessam e passam a ser fãs, quando provam pela primeira vez chocolates e barritas crus, vegan e bio, quando deixam de usar produtos testados em animais e repletos de químicos, quando percebem que existem alternativas éticas e deliciosas e que é possível um consumo mais consciente e sustentável…São momentos de grande satisfação para nós porque sentimos que também estamos a contribuir para esta mudança para hábitos de consumo mais positivos.
– Que conselhos dás a quem quiser começar um negócio veggie?
Acho que a grande maioria das pessoas que começa um negócio veggie é porque é algo em que realmente acredita e gosta, não porque é uma moda ou é muito rentável, mas sim porque representa um ideal de vida mais justo (para pessoas, animais e ambiente), com o qual se identifica.

Se é algo de que realmente se gosta e se acredita e que ainda para mais pode contribuir para um mundo melhor acho que não devem ter medo de avançar, se não resultar fica a experiência e a aprendizagem. Claro que é preciso ter também bem a noção do que se está a começar, os custos que isso implica, as responsabilidades, o trabalho… O meu conselho é começar-se devagarinho, sem grandes loucuras, e ir vendo o negócio crescer a pouco e pouco. Claro que haverá quem prefira começar em grande, o que não quer dizer que não seja uma alternativa válida. O importante é conciliar aquilo de que se gosta e em que se acredita com as responsabilidades e exigências de um negócio.