Torne-se Vegano/a

O que é um vegano?

É alguém que não consome qualquer produto, alimentar – incluindo carne, peixe, ovos, leite, derivados destes ou mel – ou outro, que tenha em algum momento sido obtido através da exploração ou abuso de animais.

Se ainda não o é, torne-se vegana/o. Pelos animais, pelo ambiente e pela sua saúde.

Biologicamente falando

O processo da digestão começa assim que colocamos comida na boca. A nossa saliva é alcalina. A dos animais carnívoros é ácida, porque lhes permite “desfazer” a carne, e é essencial para digerir carcassas. O estômago dos carnívoros tem 10 vezes mais ácido do que o nosso. As nossas enzimas, trato digestivo e o funcionamentos dos orgãos são completamente diferentes dos dos carnívoros.

Os nossos rins, cólon e fígado não estão preparados para processar a carne animal. Comparados com os carnívoros, os nossos intestinos são demasiado longos, por isso a comida que não é processada adequadamente fica presa nos intestinos, ou seja, um pedaço de carne começa a entrar em decomposição, a fermentar e a decompor-se dentro do trato intestinal e do cólon, criando ninhos de bactérias que podem vir a originar doenças porque criam um ambiente ácido.

E já reparou que os seus dentes caninos não são iguais aos do seu cão? E que tem mais molares do que o seu cão? Porque não está preparado para “rasgar” a carne mas sim para moer!

Antes de mais

Não comece logo a pensar “o que é que eu não posso comer”, porque, primeiro, poder, pode, mas não quer, e segundo porque a quantidade incrível de alimentos que vai começar a comer não merece esse tipo de pensamentos. Um vegano só não come produtos de origem animal. Para além desses, come todos os outros milhões de alimentos existentes à face da terra. E come muito bem!

E depois?

Todos os pratos de que gosta são adaptáveis (viva o seitan, tofu e a soja!). Para além disso, pode experimentar  e inventor milhares de outros diferentes. O seu palato agradece!

Como é que eu substituo a carne?

A alimentação vegana não é uma alimentação de substituição, é uma alimentação que funciona autonomamente. Obviamente que existem produtos substitutos da carne ou peixe, e que chegam a imitar o seu sabor, mas não é nesses produtos que a alimentação vegana se baseia. A cozinha vegana é um mundo a explorar! Há milhares de alimentos e de formas de os preparar, e tudo isto sem necessariamente perder muito tempo na cozinha!

Mas como?

A culinária vegana é  muito simples de preparar e pode encontrar ingredientes em qualquer super e hipermercado. “Não sou vegano porque não tenho tempo” não é uma desculpa aceitável. Aqui pode encontrar receitas que se preparam em 5 mn. E não perde tempo a tirar ossos nem espinhas.

É mais saudável!

Por não ter gorduras animais e ser pobre em colesterol, uma alimentação vegana variada pode evitar doenças cardiovasculares e diminuir o risco de cancro. Os produtos animais entopem artérias, baixam o seu nível de energia e abrandam o sistema imunitário. Para além disso, se for vegano, irá consumir mais fibra, mais vitaminas e mais anti-oxidantes, e o seu corpo agradece!

É pobre em gorduras!

Uma alimentação equilibrada vegana é mais baixa em gorduras do que qualquer outro tipo de alimentação, o que é excelente para a sua balança e para a sua barriguinha.

A sua esperança de vida aumenta!

Segundo estudos recentes, os veganos vivem, em média, mais 13 anos do que as pessoas que consomem produtos animais! E são mais saudáveis.

Terá ossos mais fortes!

Quando há falta de cálcio no sistema sanguíneo, o corpo vai roubá-lo aos nossos ossos, o que os faz ficarem porosos e perderem força ao longo do tempo, provocando a osteoporose. Coma muito tofu, brócolos, couve galega e outros vegetais com folhas verde escuras, amêndoas, feijões, melaço, figos secos, leite de soja, etc. – para além de outros valiosos nutrientes, são riquíssimos em cálcio! O nível de absorção de cálcio de alimentos vegetais é o dobro dos produtos lácteos animais (para além de evitar toda a gordura animal). Coma alimentos com vitamina D para ajudar na absorção de cálcio (encontra-a no leite de soja, cereais, levedura de cerveja, etc., e com 15 mn de exposição ao sol).

Reduz os sintomas da menopausa!

Grande parte dos alimentos que compõem a alimentação vegana é rica em fitoestrogénios, que se encontram, sobretudo, na soja, mas também nas maçãs, beterrabas, cerejas, tâmaras, azeitonas, framboesas, etc., e diminuem substancialmente os sintomas da menopausa.

Terá mais energia!

Mais alimentos ricos e nutritivos: mais energia durante mais tempo!

Mais idas à sanita!

A carne não tem fibras… se comer mais vegetais, terá necessariamente mais fibra, que empurra o lixo que está no corpo para fora. A falta de fibra leva a prisão de ventre, hemorróidas e divertículos. Mais fibras e idas à sanita é igual a barriga lisa!

Reduz a poluição!

A indústria da carne é devastadora para o ambiente: polui rios, terras e o ar. A bovinicultura, suinicultura e avicultura são responsáveis por 94% da poluição do sector agro-industrial em Portugal, nomeadamente no que respeita à contaminação orgânica e emissões de azoto e fósforo. Estes sectores são responsáveis por 1/3 do total das emissões de metano e de metade das emissões de óxido nitroso, que são centenas de vezes mais nocivos e geradores do efeito de estufa do que o dióxido de carbono. As plantações intensivas (e enormes!) de soja para produção de ração para gado estão a destruir florestas no mundo inteiro, nomeadamente a floresta amazónica. Com base nos últimos relatórios das Nações Unidas pode constatar-se que a pecuária é mais responsável pela emissão de gases com efeito de estufa do que todos os automóveis, camiões e aviões do mundo, que usa mais de 8% de toda água mundial e que é a principal poluidora da água do planeta.

Evita químicos tóxicos!

98% dos pesticidas estão na carne, peixe e produtos lácteos. O peixe contém carcinogéneos e metais pesados que não se destroem na cozedura ou na congelação. Grande parte da carne e dos produtos lácteos comercializados têm ainda esteróides e hormonas.

Ajuda a reduzir a fome no mundo!

Nos Estados Unidos, 70% dos cereais produzidos servem para alimentar animais criados para consumo humano. Se os cereais produzidos não alimentassem a indústria agropecuária, poderiam alimentar 800 milhões de pessoas.

Poupa milhares de milhões de vidas!

A maioria das pessoas torna-se vegana porque se preocupa com os animais. Só nos Estados Unidos, mais de 10 biliões de animais são mortos todos os anos pela indústria pecuária. Esses animais passam a vida inteira confinados a espaços mínimos onde não se conseguem mexer, alimentados com rações que contêm antibióticos, sujeitos a maus tratos diversos (às galinhas poedeiras são-lhes cortados os bicos, ao gado, os testículos, cornos, por vezes os orelhas, caudas e dentes) e intensos níveis de stress, antes de serem cruelmente mortos. Para que os animais sobrevivam nestas condições são-lhes administrados antibióticos e outros medicamentos, assim como hormonas e esteróides, para que cresçam mais rápido. Tudo o que lhes é administrado, e tudo aquilo que comem, passa para a carne que vai para o seu prato. Inclusive a adrenalina, devido aos níveis de stress a que estes animais estão sujeitos. Um bife acaba por ser um cocktail de adrenalina e de químicos e pesticidas

A carne tem 14 vezes mais pesticidas do que a comida à base de plantas.

Desengane-se quem pensa que os animais não sentem nada na altura da morte ou que não sentem nada durante toda a vida. Os porcos, por exemplo, são tão ou mais inteligentes do que os cães.

Também não é legítimo criar animais ao ar livre com o único objectivo de os matar. Não é porque tiveram uma vida melhor do que todos aqueles que viveram numa gaiola que merecem ser mortos, certo? Porque matamos animais sem qualquer necessidade?

“Eu sou vegetariano mas como peixe”

Se come peixe, não é vegetariano. Nem vegano, claro. E sabia que os peixes, como as vacas, os porcos, os perus, os cães e os gatos, entre muito outros, são sencientes? Também sentem dor, como todos os outros animais, e também merecem a sua consideração.

Para além disso, o peixe e marisco contêm altos níveis de contaminantes, poluentes industriais, lixos e resíduos pesticidas das quintas pecuárias. Têm também altos níveis de mercúrio, PCB, BHC, clordano, DDT, dieldrina, heptacloro e dioxina.

Para além disso continuamos a pescar para além dos nossos recursos. Os pesqueiros são autênticas fábricas flutuantes que arrastam enormes aparelhos de pesca pelo fundo do oceano, sem dar qualquer hipótese sos peixes de escaparem. Os peixes bebés poderão estar protegidos na legislação mas ainda vemos que são pescados e estão nas nossas mesas (e do mundo inteiro) sem qualquer problema de consciência – é o caso dos “jaquinzinhos”. A alternativa às pescas, os viveiros/cativeiros, não são uma solução. O salmão de viveiro, por exemplo, acabou por perder as suas qualidades nutricionais como o Ómega 3, vitaminas A, D, E, e B, ferro, etc, e a sua cor deixa de ser rosa, por isso a sua alimentação tem que ser suplementada com corantes prejudiciais à saúde. A sua alimentação é baseada em óleos de peixe e farinhas (muito pouco semelhante à que um salmão comeria naturalmente), e são precisos mais peixes (retirados aos oceanos) para alimentar um peixe de viveiro, logo também não é ecologicamente sustentável! À ração são ainda acrescentadas altas doses de antibióticos, fungicidas e vermicidas.

Poupa dinheiro!

Ao comer mais legumes, grãos e fruta, poderá poupar muito dinheiro por ano!

Poupa água!

Para produzir, por exemplo, tomates, a quantidade média de água usada é de 13 litros. Para produzir um hambúrguer de carne é de 2.400 litros, e para um bife é de 7.000 litros!

Ai, mas e as proteínas?

Amigos/as, as proteínas andam aí. Estão em todo o lado. Sabia que a maior parte das pessoas tem um consumo excessivo de proteínas e que isso é nocivo para a saúde (por exemplo, os rins têm de trabalhar duas vezes mais para “partir” a proteína, envelhecem prematuramente, desenvolvem pedra e poderão falhar as suas funções)? Os veganos encontram proteínas nas leguminosas, no seitan, tofu e soja, mas também nas batatas, milho, bananas, abacates, arroz, amendoins, aveia, entre muitos legumes e cereais. E agora diga-me, sinceramente, já conheceu alguém com uma deficiência proteica? Eu também não.

Ai, e o ómega 3?

Encontra-os nos frutos secos (nozes, avelãs, amêndoas,) e nas sementes, nomeadamente as de chia e de linhaça.

Ai, e a vitamina B12?

Na levedura de cerveja, nos cereais, no leite de soja e noutros alimentos suplementados.

Ai, e o ferro?

No pão de cereais, nos feijões, nos brócolos, nos espinafres…

O seu colesterol vai descer a pique!

Sabia que os veganos têm, em média, um colesterol 35% mais baixo do que um omnívoro?

Mas eu tenho osteoporose e a Mimosa diz que eu devo beber leite

Já está provado cientificamente que os lacticínios são prejudiciais para a saúde. Somos os únicos animais que bebem leite depois do período de amamentação. E somos os únicos animais que bebem leite de uma outra espécie. Porque não bebemos leite de zebra ou de gorila e bebemos de vaca? Não é porque é mais saudável, mas simplesmente porque a vaca é inofensiva e porque produz imenso leite, mais do que todos os outros animais.

O leite materno (de todos os mamíferos) serve para alimentar e fazer crescer um bebé. É um alimento riquíssimo e cheio de gordura, que transforma um bebé humano de 3 Kg num bebé de 10 kg num perído curtíssimo de tempo. Para as vacas é igual: um vitelo de 40kg transforma-se num de 900 kg em 2 anos. As vacas são um bocadinho maiores do que nós, os seus corpos funcionam de maneira relativamente diferente, e o seu leite tem uma função que, para nós, não é necessária (acho que niguém quer chegar aos 900kg, certo?)

Os mamíferos precisam da enzima lactase para digerir a lactose (que é o açúcar dos lacticínios). Entre os 18 meses e os 4 anos, perdemos 90 a 95% dessa enzima (porque o nosso corpo não precisa mais de leite). Ao continuarmos a beber leite, a lactose e a natureza ácida do leite pasteurizado encoraja o crescimento de bactérias no nosso intestino (por isso é que muitas pessoas dizem que o leite lhes “cai mal”) e potencia várias doenças do foro digestivo.

Quantas vezes já não ouvimos que precisamos de leite para crescermos? Que, se não bebermos leite, os nossos ossos se vão partir em pedacinhos? Que o leite tem cálcio? A verdade é que os investigadores de Harvard, Yale, Penn State e do National Institute of Health têm feito vários estudos sobre o leite e a osteoporose, e nenhum deles encontrou uma ligação. Pelo contrário: o estudo do National Dairy Council revelou que os países com a taxa mais alta de osteoporose são aqueles que bebem mais leite e consomem mais produtos de origem animal. Para além disso o consumo excessivo de proteína animal leva a uma diminuição da absorção do cálcio.

Os lacticínios estão ligados a vários problemas como acne, anemia, ansiedade, artrite, deficit de atenção, fibromialgia, síndrome do intestino irritável, problemas das articulações, osteoporose (sim!), alergias, cólicas, doenças do coração, autismo, doença de Crohn, cancro da mama e da próstata, entre outros. O leite pode bloquear a absorção de ferro, criando anemias.

Para além disso, ao beber leite está a beber todos os antibióticos, pesticidas, esteróides e hormonas que a indústria pecuária administra nas vacas. Normalmente, uma vaca consegue produzir 4,5 litros de leite por dia. Os pecuários, graças a poderosos cocktails de químicos, conseguem que elas produzam centenas de litros por dia!

Então, onde consigo encontrar os minerais presentes no leite? O manganésio, crómio, selénio e magnésio, nas frutas e vegetais. E sem químicos!

E o cálcio? Nos grãos, couve galega, vegetais com folhas verdes (quanto mais verde escuro, melhor), couve, algas, agrião, grão-de-bico, brócolos, feijão, feijão de soja, tofu, sementes e frutos secos. Simples, não?

E os iogurtes e leites sem lactose são bons? Não. A lactose é “retirada” quimicamente. Todos os outros problemas que o leite provoca continuam lá. E se quer continuar a comer iogurtes, prefira vegetais, se possível sem açúcar, se possível biológicos. Para quê insistir em beber um leite limpo com químicos, em que a lactose é retirada quimicamente, a gordura também, em que são “injectados” nutrientes?!

Então e o L-casei imunitass e o Actimel e os bifidus e o Activia que me faz desinchar a barriga? Todos os produtos fermentados, como os iogurtes, têm bactérias boas, incluindo os iogurtes vegetais mas também o miso, o tofu, o tempeh, o molho de soja, o tamari, o kefir de soja, a chucrute, entre outros.

Sabia que é preciso 27 vezes mais petróleo para produzir um hambúrguer de carne do que um hambúrguer de soja?

Sou vegano/a. O que é que eu como num restaurante?

Arroz e batatas fritas? Porque não? Mas existem outras opções mais agradáveis e nutritivas para os veganos em todos os restaurantes. Nos restaurantes espanhóis, coma tapas: opte por legumes salteados (pimentos padron, espargos, etc). Nos italianos, é só escolher: massas com vegetais, pizza sem queijo (é deliciosa!), etc. Nos chineses e indianos, há sempre opções só com vegetais. Nos típicos aranja-se sempre um prato de arroz ou batatas com legumes cozidos. Para além disso, há cada vez mais restaurantes com pratos exclusivamente veganos ou vegetarianos. E já para não falar dos muitos restaurantes vegetarianos e veganos espalhados pelo mundo!

Sou vegano. O que é que eu cozinho?

Essa é fácil. No The Love Food tem centenas de opções de refeições! E, se precisar de sobremesas mais sofisticadas, faça a sua encomenda através de thelovefood@hotmail.com.

Finalmente

Uma alimentação variada basta. Não precisa de andar a contar as avelãs que comeu este mês. Diversifique, não se preocupe tanto. Quando não era vegano não se preocupava com os nutrientes todos que ingeria, então para que se preocupa agora? Varie, coma bem, faça pratos coloridos, brinque com as texturas, divirta-se.

E não se esqueça

Prefira sempre produtos de origem biológica/orgânica e da época.

Ainda tem alguma dúvida?

Não hesite em contactar o The Love Food!

 

BIBLIOGRAFIA

  • CAMPBELL, T Collin, PhD, CAMPBELL, Thomas M. 2006, The China Study, Ed. Ben.Bela Books
  • EISNITZ, Gail A. 1997, Slaughterhouse: The Shocking Story of Greed, Neglect, and Inhumane Tretament Inside the U.S. Meat Industry, Ed. Prometheus Books
  • FOER, Jonathan Sfran 2009, Eating Animals, Ed. Little Brown and Company
  • FREEMAN, Rory, BARNOIUN, Kim 2005 Skinny Bitch, Ed. Running Press Books Publisher
  • OLIVEIRA, Gabriela 2006, Alimentação Vegetariana para Bebés e Crianças, Ed. Arte Plural
  • POLLAN, Michael 2008 Em Defesa da Comida: Um Manifesto, Ed. Intrínseca
  • ROBBINS, John 2001, The Food Revolution: How Your Diet Can Help Save Your Life and Our World, Ed. Paperback
  • SROUFE, Del 2012, Forks Over Knives – The Cookbook, Ed. The Experiment
  • STONE, Gene, CAMPBELL T. Collin, esselstyn, CALDWELL 2011 Forks Over Knives: The Plant-Based Way To Health, Ed. Paperback

SITOGRAFIA

FILMOGRAFIA

  • Overfishing: https://www.youtube.com/watch?v=F6nwZUkBeas
  • Cowspiracy
  • Earthlings: https://www.youtube.com/watch?v=ce4DJh-L7Ys