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Confesso que estava com imensas saudades de andar por aqui. Nos últimos tempos andava muito pouco inspirada para cozinhar, e chegar a casa às 21h e sair às 7h também não estava a ajudar muito. Mesmo que me desse vontade de cozinhar já era muito tarde para tirar fotografias então perdia-a logo. Com um bebé na barriga há outra motivação para ter tempo, para aproveitar bem cada instante, para comer bem e com calma. Ele também me veio dizer “slow down”! Estou a adorar esta experiência, e não é só porque nunca mais estive em filas do supermercado, é mesmo um privilégio incrível transportar uma criatura aqui dentro. Ainda para mais agora que se mexe imenso e que já o consigo sentir (antes dos 5 meses não se sente praticamente nada a não ser muito sono!).

E só posso dizer que tem sido uma gravidez maravilhosa, só com um episódio de ciática pelo meio – e que calhou exactamente uns dias antes e durante a Vegan Fair, onde estive com uma banca e dei um workshop. Mas isto de ser/estar grávida muda qualquer mulher que se preze. Começamos a contar às semanas. Chora-se baba e ranho por nada: no outro dia foi por causa de um documentário sobre a Segunda Guerra Mundial, outras vezes basta alguém falar um bocadinho mais torto ou um bocadinho mais alto para explodir uma tormenta de lágrimas. Fazemos xixi de 5 em 5 mn. Vamos vasculhar as nossas fotografias antigas e ficamos comovidas. Temos muito sono. Muito. Nos primeiros meses depois de jantar caía redonda no sofá. Às vezes tinha reuniões de trabalho depois de jantar e, enquanto as outras pessoas iam falando eu adormecia. Era só encostar-me um bocadinho para trás e pumba, já estava a dormir.

O início foi muito engraçado porque eu não fazia ideia de que estava grávida. As probabilidades disso acontecer eram remotas. Mas tinha muita fome, de manhã andava meia enjoada e as minhas mamas estavam a crescer a olhos vistos (não sem bastantes dores). Eu agradeci a todos os deuses por, finalmente, me darem maminhas, até começar a desconfiar que … se calhar… não era só generosidade divina. Então fiz um teste. E deu negativo. Passado uns dias fiz outro. E deu negativo. E depois fiz outro, um dia de manhã, com o primeiro xixi da manhã, e lá estava. O meu coração parou por uns segundos. O resto já sabem.

É de notar que é o primeiro post do The Love Food onde a palavra xixi aparece mais do que uma vez. Onde é que isto vai parar? 🙂

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Relativamente a suplementos, comidas, etc, vou-vos falando pelo caminho, mas posso dizer-vos que acabei por tomar o que todas as grávidas tomam: ácido fólico nos primeiros meses e iodo agora. Não tenho qualquer carência e, ao contrário da maior parte das grávidas, não tenho falta de ferro. Os suplementos vitamínicos feitos para as grávidas (Natalben, etc) são compostos na sua maioria por óleo de peixe. Deusmelivre se vou dar óleo de peixe aqui ao neném! O meu médico diz-me sempre que estar grávida é a coisa mais natural do mundo e não é preciso tirar um doutoramento no assunto nem tomar 50 mil comprimidos para tudo e para nada. Como sempre uma alimentação variada basta e sobeja. Muitos legumes, frutas, cereais, sem andar a contar hidratos de carbono que são muito importantes para o bebé e para dar energia, um prato colorido feito com amor é suficiente para um e para dois. Não é preciso comer por dois, mas convém que se coma em porções mais pequenas várias vezes ao dia. Antes de estar grávida eu almoçava muito pouco, lanchava mais ou menos e jantava imenso. Agora divido as porções ao longo do dia e é muito melhor. Até porque não se consegue comer muito porque o estômago fica logo cheio. Ao longo do dia vou comendo o que me apetece, sendo que é muito raro que me apeteça porcaria  Sobretudo fruta, biscoitos de aveia home made sem açúcar (vício!!), cereais, amêndoas, nozes… Muita sopa, sobretudo de abóbora. Há muitas abóboras este ano e eu adoro creme de abóbora. Podia comer creme de abóbora todos os dias. Outra coisa que me apetece imenso são azeitonas. Mas confesso que não penso muito (nem nunca pensei), vou dando ao meu corpo o que ele me vai pedindo e tento nunca ter fome.

No outro dia pediu-me lentilhas e saíram estes hambúrgueres deliciosos. Normalmente as receitas de hambúrgueres levam muita farinha, pão ralado ou arroz cozido para lhes dar consistência, o que os torna muito pesados. Esta só leva mesmo lentilhas e cogumelos e um bocadinho de sementes de linhaça que só fazem bem! Espero que gostem!

 

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Para 4 hambúrgueres grandes

  • 1 chávena/xícara lentilhas cozidas (usei castanhas)
  • 1 chávena/xícara de cogumelos cortados aos pedaços
  • 1 cebola cortada às rodelas finas
  • 1 colher de chá bem cheia de pimentão doce
  • uma pitada de pimenta preta/pimenta do reino
  • 1 colher de sopa de linhaça moída
  • 4 colheres de sopa de salsa picada
  • farinha de arroz

Triture as lentilhas num processador ou com a varinha mágica, deixando algumas inteiras. Não precisa de ficar um patê, alguma textura fica sempre bem.

Refogue a cebola. Quando estiver translúcida junte os cogumelos e deixe-os cozinhar 10 mn ou até murcharem. Deixe-o perder completamente a água. Junte as lentilhas, a salsa, a linhaça e os temperos e envolva.

Deixe arrefecer para não queimar os dedinhos.

Divida a massa em 4 partes, e molde 4 hambúrgueres com a ajuda da farinha de arroz.

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Coloque-os numa frigideira com um fio de azeite e deixe dourar de cada lado. Vire-os com cuidado para não desmancharem.

Sirva com um pãozinho ou um bolo do caco e muitos verdes!

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