Artigo na Revista Sábado sobre a dieta dos 31 días, de Ágata Roquette

Nos últimos tempos têm surgido várias dietas baseadas em proteína e gordura, como a Atkins e a de Ágata Roquette, que tem tido um sucesso estrondoso em Portugal. Estas dietas são super populares sobretudo porque se pode comer tudo o que se diz ser mau para saúde e emagrecer, e são baseadas em jargões científicos com muito pouco de científico. Vou tentar explicar (muito resumidamente) porque é que tudo isto é mau para si.
Quais os alimentos “permitidos” nesta dieta? Carne, salsichas, peixe, leite, lacticínios e óleo. Se tiver sede, beba uma Coca-Cola light por dia. Apetece-lhe um docinho? Coma gelatina. Fruta à noite? Nem pensar, é melhor comer umas salsichas, fiambre e um o resto do frango assado do jantar. E a sopa “é triste”, por isso o melhor é não comer. Todos os hidratos de carbono são diabolizados – saem de cena todas as leguminosas, arroz e massa. Sopa, abóbora e cenoura cozida são os piores inimigos. E ainda tem direito a um dia de “folga” que se chama “dia da asneira”, que é um dia em que pode comer tudo o que quiser. Se for vegetariano, vai ser difícil emagrecer porque vai estar sempre com fome.
Enfim, um parágrafo basta para se perceber que, nutricionalmente, tudo isto tem pouca consistência.
Contudo, as pessoas emagrecem, é um facto. Porque é que emagrecem? Primeiro porque deixam de comer hidratos de carbono. Se comer arroz, massa e pão todos os dias e deixar de comer, vai emagrecer. Não há mistério. Segundo porque é uma dieta diurética (de uma forma pouco positiva): os rins trabalham duas vezes mais para conseguir desfazer a proteína e livrar-se de toneladas de  ureia tóxica. Emagrece-se porque se perde muita água, logo, perde-se volume.

A CARNE, O PEIXE E OS OVOS

Lembrem-se que 75% das doenças da sociedade ocidental estão directamente ligadas ao excessivo consumo de carne. Não há nenhum alimento que tenha tantos medicamentos, homonas e químicos como a carne. As meninas entram mais cedo na puberdade graças à quantidade brutal de hormonas presente na carne (que fazem crescer os animais mais rápido). Os antibióticos, provenientes das rações químicas, causam resistência bacteriana. Contêm vacinas, resíduos de pesticidas, drogas alopáticas variadas, e outros remédios e pesticidas que se encontram na ração e/ou na erva.
Nutricionalmente, a carne tem gordura saturada em excesso, que provoca colesterol, ácido úrico, toxinas, nitritos e nitratos, sulfato de sódio (para lhe dar um ar saudável e vermelho), salitre (para conservar), adrenalina (imaginem o stress a que estão sujeitos os animais a vida inteira), bactérias, etc.
Mas os peixes não estão livres de todos os males da criação de gado, muito pelo contrário. As águas estão contaminadas e a maior parte do peixe contém arsénio, uma substância venenosa. 

Já para não falar da forma pouco ética como são tratados, alimentados e mortos todos estes animais.
Os ovos, se não forem os biológicos do vizinho da frente, de galinhas que estão ao livre, vêm de galinhas doentes de aviário. E têm todos os problemas associados à carne (assim como uma mãe doente passa as suas doenças para o seu feto).
Biologicamente, o nosso organismo não está preparado para digerir a carne: não temos caninos afiados, temos muitos molares (para moer cereais) e o nosso intestino é longo de mais para digerir a carne com facilidade – fica a apodrecer, criando ninhos de bactérias nocivas dentro do intestino, gera gases, toxinas e provoca alterações na fabricação de enzimas.




LEITE E LACTICÍNIOS
Já está provado cientificamente que os lacticínios são prejudiciais para a saúde (mas não foi o conselho científico da Mimosa que fez estes testes, e que afirma que se deve beber um copo de leite por dia para combater a osteoporose…). Somos os únicos animais que bebem leite depois do período de amamentação. E somos os únicos animais que bebem leite de uma outra espécie. Porque não bebemos leite de zebra ou de gorila e bebemos de vaca? Não é porque é mais saudável, mas simplesmente porque a vaca é inofensiva e porque produz imenso leite, mais do que todos os outros animais.
O leite materno (de todos os mamíferos) serve para alimentar e fazer crescer um bebé. É um alimento riquíssimo e cheio de gordura, que transforma um bebé humano de 3 Kg num bebé de 10 kg num perído curtíssimo de tempo. Para as vacas é igual: um vitelo de 40kg transforma-se num de 900 kg em 2 anos. As vacas são um bocadinho maiores do que nós, os seus corpos funcionam de maneira diferente, e o seu leite tem uma função que, para nós, não é necessária (acho que niguém quer chegar aos 900kg, certo?)
Os mamíferos precisam da enzima lactase para digerir a lactose (que é o açúcar dos lacticínios). Entre os 18 meses e os 4 anos, perdemos 90 a 95% dessa enzima (porque o nosso corpo não precisa mais de leite). Ao continuarmos a beber leite, a lactose e a natureza ácida do leite pasteurizado encoraja o crescimento de bactérias no nosso intestino (por isso é que muitas pessoas dizem que o leite lhes “cai mal”) e potencia várias doenças do foro digestivo.
Quantas vezes já não ouvimos que precisamos de leite para crescermos? Que, se não bebermos leite, os nossos ossos se vão partir em pedacinhos? Que o leite tem cálcio? A verdade é que os investigadores de Harvard, Yale, Penn State e do National Institute of Health têm feito vários estudos sobre o leite e a osteoporose, e nenhum deles encontrou uma ligação. Pelo contrário: o estudo do National Dairy Council revelou que os países com a taxa mais alta de osteoporose são aqueles que bebem mais leite e consomem mais produtos de origem animal. O consumo excessivo de proteína animal leva a uma diminuição da absorção do cálcio.
Os lacticínios estão ligados a vários problemas como acne, anemia, ansiedade, artrite, deficit de atenção, fibromialgia, síndrome do intestino irritável, problemas das articulações, osteoporose (sim!), alergias, cólicas, doenças do coração, autismo, doença de Crohn, cancro da mama e da próstata, entre outros. O leite pode bloquear a absorção de ferro, criando anemias.
Para além disso, ao beber leite está a beber todos os antibióticos, pesticidas, esteróides e hormonas que a indústria pecuária injecta nas vacas. Normalmente, uma vaca consegue produzir 4,5 Litros de leite por dia. Os pecuários conseguem que elas produzam centenas de Litros por dia! 
Então, onde consigo encontrar os minerais presentes no leite? O manganésio, crómio, selénio e magnésio, nas frutas e vegetais. E sem químicos!
E o cálcio? Nos grãos, couve galega, vegetais com folhas verdes (quanto mais verde escuro, melhor), couve, algas, agrião, grão-de-bico, brócolos, feijão, feijão de soja, tofu, sementes e frutos secos. Simples, não?
E os iogurtes e leites sem lactose são bons? Não. A lactose é “retirada” quimicamente. Todos os outros problemas que o leite provoca continuam lá. Se quer continuar a comer iogurtes, prefira vegetais, se possível sem açúcar, se possível biológicos.
Então e o L-casei imunitass e o Actimel e os bifidus e o Activia que me faz desinchar a barriga? Todos os produtos fermentados, como os iogurtes, têm bactérias boas, incluindo os iogurtes vegetais mas também o miso, o tofu, o tempeh, o molho de soja, o tamari, o kefir de soja, a chucrute, entre outros.




A COCA-COLA LIGHT E OS ADOÇANTES
A Coca-Cola Light (ou Zero) é um verdadeiro veneno. O aspartame, usado para adoçar refrigerantes, é um químico inventado nos anos 60 e, desde então, infiltrou-se em todos os produtos presentes na nossa vida. O aspartame é uma neurotoxina, ou seja, uma droga que destrói o sistema nervoso e o cérebro É composta por ácido aspártico, fenilalanina e metanol. Já se comprovou que o ácido aspártico causa lesões cerebrais. A fenilalanina existente no aspartame é neurotóxica, quando isolada dos outros aminoácidos das proteínas. Facilita a ocorrência de ataques epiléticos e bloqueia a produção de serotonina, que é uma das substâncias  existentes no cérebro para regular o sono. Níveis baixos de serotonina, além de insónia, provocam depressão, angústia, mau humor e até sintomas de   paranóia.

O aspartamente contém 10% de methanol, também conhecido como álcool de madeira. O metanol é libertado aos poucos no intestino delgado, e transforma-se em ácido fórmico e formaldeide, que é uma neurotoxina mortal que fica armazenada no tecido adiposo, principalmente nos quadris e coxas, é usado para embalsamar cadáveres e é um violento cancerígeno.
Os pesquisadores do EPA (Environmental Protection Agency) recomendam um limite máximo de consume de 7,8mg/dia. Uma garrafa de 1 litro de Coca-Cola Light tem 56mg de metanol.
Há 92 sintomas documentados de doenças e sintomas provocados por estes produtos, entre os quais encontramos:
  dores de cabeça
  ganho de peso, alterações no nível de cholesterol, alterações na pressão sanguínea, urticarial, dormência, fadiga, xeroftalmia (olhos secos), dificuldade de salivação, irritabilidade, ansiedade, depressão, tonturas,
vertigens, espasmos musculares, ataques epiléticos, taquicardia, perda de audição, cegueira, entre outros. E estes são os sintomas “oficiais”. Muitos cientistas garantem, em estudos recentes, que o aspartame provoca tumores no cérebro, seios, útero e pancreas (cancro), esclerose múltipla, epilepsia, fibromyalgia, disfunção da tiróide, Parkinson, Alzheimer, retardamento mental, linfoma, defeitos no feto, lupus sistémico, diabetes, entre outros.
Um dos efeitos mais sarcásticos, embora não mortal, é o ganho de peso.  Na sua ação sobre o cérebro, o aspartame faz com que a pessoa sinta mais desejo de comer hidratos de carbono, farinhas, açúcares, amido, etc. Forma-se um círculo vicioso: come-se aspartame para emagrecer, mas passa-se a ingerir mais hidratos de carbono, e, então, engorda-se.


Uma sopa triste e perigosa 😉

CONCLUSÃO
Basear uma dieta em proteina animal, gordura e Coca-Cola não pode ser bom. Quer perder peso? Faça refeições equilibradas, coma muitos legumes e fruta (os legumes e a fruta são maioritariamente compostos por água e estão carregados de vitaminas); coma tofu, soja e seitan, que não têm gordura e têm muitas proteínas; frutos secos (sem serem fritos) e sementes, que têm gorduras boas, milhares de nutrientes e minerais (incluindo ómega 3), e faça desporto, caminhe, nade, enfim, mexa-se. E convença-se de que ser pouco saudável não compensa uns kilos a menos.
É, no mínimo, pouco responsável propôr emagrecer assim.


Tenha uma alimentação saudável e um bom dia!


Créditos – as fotografias de animais foram retiradas de sites de santuários nos Estados Unidos. A foto da sopa é do site 101 Cookbooks.

Algumas referências interessantes:
Bibliografia:
POLLAN, Michael
2008 Em Defesa da Comida: Um Manifesto, Ed. Intrínseca

FREEMAN, Rory, BARNOIUN, Kim
2005 Skinny Bitch, Ed. Running Press Books Publisher

Sitografia:
Estudo das Nações Unidas “Priority Products and Materials”
http://www.uneptie.org/shared/publications/pdf/WEBx0165xPA-PriorityProductsAndMaterials_Summary_EN.pdf

“Aspartame: by far the most dangerous added to most foods today”
http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2011/11/06/aspartame-most-dangerous-substance-added-to-food.aspx

“Aspartame: o veneno do século”
http://freepages.misc.rootsweb.ancestry.com/~otranto/saude/aspartame.htm