Quando era pequenina, os meus pais levavam-me a passear pelo país e arredores. Passávamos muitos fins-de-semana fora de casa a visitar aldeias, cidades, pinhais, florestas, palácios, museus, etc. Ainda hoje faço isso, com uma única (e fundamental) diferença: agora não vou contrariada nem amuada J! Agora sou eu quem decide ir laurear a pevide por aí!
Nessas viagens, os meus pais faziam questão em comer comida típica da zona em que estávamos, e por vezes as viagens tinham apenas esse objectivo: ir comer alheira ali, ir comer migas acolá, etc, etc, etc. Para quem, como eu, só gostava de sopa, batatas e pouco mais, era um suplício passar horas e horas nos restaurantes a depenicar pão e a ouvir “Maria, come…”.
Tudo isto para vos dizer que íamos de propósito a Aveiro comer caldeirada de peixe, e eu amaldiçoava a minha sina. Vinha um tacho enorme, cheio de um líquido esverdeado, com pedaços brancos a boiar com um montão de cobrinhas que eu vim a saber que eram enguias.
Até hoje não voltei a fazer caldeirada, mas ando fascinada com as batatas doces desde que vim do Brasil (empanturrada de batata doce), e hoje lembrei-me de fazer as pazes com os meus pesadelos gastronómicos e dar uma chance à caldeirada. Fizemos as pazes: é uma delícia! Se me tivessem dado esta maravilha quando tinha 7 anos, já não torcia o nariz.
Receita para 2 pessoas
1 cebola às rodelas
1 pimento vermelho grande cortado às tiras
2 dentes de alho esmagados
1 folha de louro
2 tomates sumarentos aos pedaços
4 batatas brancas descascadas e cortadas às rodelas
4 batatas doces descascadas e cortadas às rodelas
250 g de tofu cortado às fatias finas (corte a meio longitudinalmente, e depois em tiras)
2 colheres de sopa de pimentão-doce (páprica)
Coentros
Coloque o tofu numa frigideira com um fio de azeite e um dente de alho. Quando começar a dourar tempere-o com sal, salpique-o com pimentão-doce, e deixe cozinhar mais um pouco. Reserve.
Numa panela alta refogue a cebola num fio de azeite. Junte o alho e o louro quando a cebola estiver translúcida.
Adicione o pimento e deixe-o suar durante 5 mn, mexendo de vez em quando. Junte o tomate, mexa e tape. Deixe cozinhar 10mn. O tomate deve perder a água e ficar cremoso.
Adicione as batatas, deite meia chávena de água, tape e deixe cozinhar 15 mn ou até as batatas estarem tenras.
Nesse momento, adicione o tofu previamente cozinhado, uma colher de sopa de pimentão-doce e as folhas de coentros. Envolva com cuidado para não partir as batatas. Retire do lume, tape e reserve durante 5 mn.
Sirva com amor.
PS – Se não encontrar batata doce ou, se preferir, use apenas batata branca.